IronE Singleton fala sobre sua carreira e vida pessoal

Tdog061810 134768Ator fala sobre sua infância díficil, seu relacionamento com Deus e sobre o que podemos esperar de T-Dog nos próximos episódios de The Walking Dead.

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IronE Singleton foi para a Universidade da Georgia comum a bolsa de estudos integral para atletas e depois que seus sonhos de jogar na NFL (liga de futebol americano) não deram certo, ele iniciou sua carreira como ator um pouco mais cedo do que o planejado. Antes de seu papel como T-Dog em The Walking Dead, ele era mais conhecido como o traficante de drogas Alton, no filme Um Sonho Possível.

Você conhecia The Walking Dead quando foi escalado para o elenco?
IS:
Eu não estava nem um pouco familiarizado com os quadrinhos; eu apenas sabia que Frank Darabont e Gale Anne Hurd estavam no projeto como produtores executivos e isso me deixou animado o suficiente para querer participar.

O que te atraiu em T-Dog? Havia algo sobre a temática da série que te interessou?
IS:
Sim, a temática me interessava porque ela se relaciona com o que estamos passando por aqui agora dado ao atual estado da nossa economia e esse estado sombrio pelo qual temos passado bastante nos últimos anos. Eu achei que era uma metáfora perfeita para a vida; pensei “é isso com o que estamos lidando e as pessoas vão ser capazes de se identificar com isso”, e elas estão se identificando. É por isso que o programa é tão bem-sucedido; a audiência pode ver muito dela mesma em nossos personagens e as lutas que nossos personagens enfrentam. Eles se vêem passando pelas mesmas coisas.

Você acaba se acostumando em ver os figurantes andando pelo set com a maquiagem de zumbi?
IS:
Às vezes [risos]. Na maior parte do tempo sim, mas dependo de quão horrendo é o zumbi. Como aquele zumbi do poço, não sei se jamais me acostumaria em vê-lo por aí daquele jeito. Alguns outros zumbis também, eu os chamo de meus zumbis marcantes; eles são horrendos demais para se acostumar com eles.

Com a intensidade do tema com o qual vocês estão lidando, as pessoas tendem a ser brincalhonas e se soltar quando o diretor corta a cena apenas para se afastar da intensidade da cena?
IS:
Tudo depende de nosso humor para aquele dia mas na maior parte das vezes é isso que costumamos fazer, nós tendemos a ir para o outro lado. Precisamos de uma pausa daquele lado obscuro e é isso o que fazemos  na maioria das vezes, mas, às vezes, se é algo profundo demais, nós permanecemos naquele estado. Como no caso da Sophia no celeiro, aquela cena não nos permitia sair daquele clima pesado tão rápido. Ficamos presos nele porque aquele momento foi tão horrível, tão duro para nós ver um de nós partir daquele jeito depois que ela tinha se tornado parte da nossa família. Foi de partir o coração.

Aquele cena levou mais tempo do que o normal para ser rodada?
IS:
Levou. Aquela cena provavelmente levou dois dias. Nós ficamos ocupados com aquela cena por quase dois dias inteiros e normalmente uma cena típica para nós… nós podemos fazer quatro ou cinco cenas num dia.

Cada vez que você recebe um roteiro novo você dá uma folheada para se certificar de que estará vivo no final?
IS:
Eu poderia ter respondido a sua pergunta depois das primeiras duas palavras (risos). Nós ouvimos essa pergunta o tempo todo e a resposta é sim, eu dou uma folheada. Eu acho que já ouvi cada pessoa do elenco dizer isso, com exceção talvez de Lincoln (Andrew Lincoln), que interpreta Rick e possivelmente Carl. O resto de nós fica folheando as páginas e pensando, “Por favor, tomara que esse não seja o meu dia.”

Você deve ter pegado o roteiro de quando o T-Dog fica encurralado e pensado, “Ah não, eu já era.”
IS:
Eu saltei da cadeira e pulei as páginas do roteiro para ver se eu iria sobreviver e fiquei feliz em ver que sim. Eu li aquele roteiro de ponta a ponta para garantir que não havia deixado nada passar (risos).

Houve bastante barulho no ano passado sobre a saída de Frank Darabont do programa; aquilo causou tensão no set ou você simplesmente apareceram e se focaram no trabalho.
IS: Simplesmente tentamos tirar isso da cabeça e perceber que aquilo não da nossa conta; nosso foco era produzir o melhor trabalho que pudéssemos como atores e esperar que os fãs gostassem. Se isso passasse pelas nossas cabeças em algum momento, tentávamos não discutir muito o assunto. Isso definitivamente atingiu a todos de modos diferentes; eu lidei com isso do que jeito que eu tinha que lidar e o resto do pessoal fez o mesmo, estou certo disso.

Você lidou com algumas coisas difíceis na infância e adolescência* e eu conheço muitos garotos que se voltam para o esporte como um meio de escapar da situação, mas o que te fez se voltar também para a interpretação?
IS:
Eu tinha uns 8 ou 11 anos quando eu tive um incidente com minha mãe; eu queria bolo e sorvete e lhe perguntei se eu poderia comer um pouco e ela disse não. Eu fui pedir para a minha avó e ela disse sim, e minha mãe não gostou de eu ter pedido escondido algo que ela disse que eu não poderia ter, então ela começou a me castigar, primeiro verbalmente e depois fisicamente. Naquele ponto, eu não queria mais bolo e sorvete – uma vez que ela tinha me insultado eu perdi a vontade – mas então ela veio e colocou os joelhos dela no meu braço e me apertou contra a cama e então ela pegou o bolo e o sorvete e esfregou na minha cara.

Depois daquilo eu fui ao banheiro e fiquei me olhando no espelho, totalmente humilhado; nunca na minha vida eu havia me sentido humilhado daquela maneira e o fato de a minha mãe ter me feito passar por aquilo me atingiu de outro modo e eu me peguei falando com Deus no banheiro. Eu estava falando com o espelho, mas eu sabia que havia essa presença maior lá. Basicamente eu me refiro àquilo como a minha primeira conversa com Deus e dali em diante eu consigo me lembrar de ter conversado com Deus, e Ele me dizia que havia algo maior nessa vida, algo que eu teria que fazer, que eu estava passando por aquilo por uma razão. Eu me senti muito forte naquele momento.

Enquanto eu fui crescendo, Deus criou situações nas quais me peguei atuando; aos 11 anos eu entrei num programa onde as crianças eram levadas a se interessar por entretenimento. Minha primeira experiência com as artes foi fazendo Romeu e Julieta do Shakespeare e eu gostei. Então eu quis continuar a fazer isso e a ideia de trabalhar com entretenimento sempre aparecia. Eu liberei totalmente essa vontade – confessei isso com os meus lábios – quando eu estava na colegial e entrei num concurso de oratória e fiquei em segundo lugar. Era um concurso municipal onde eu estava competindo com garotos de escolas de elite. No meu discurso, eu disse que queria ser um ator aclamado no cinema e que eu queria tocar milhões de pessoas e afetar suas vidas positivamente e meu professor de inglês me disse que queria que eu fosse mais realista com isso, que sendo do subúrbio, aquilo não iria acontecer. Ele disse que esse tipo de coisa raramente acontecia com pessoas comuns ec omigo, que era do subúrbio, simplesmente não daria certo. Eu mudei meu discurso de querer ser um ator para querer ser um dentista, mas lá no fundo eu sempre quis ser ator.

Eu acabei estudando na Universidade de Geórgia, que tinha um teatro em tempo integral e o resto fluiu naturalmente. Meu plano era entrar no NFL e a partir daí conseguir dinheiro para investir na minha carreira de ator. Eu achei que teria que passar por um e depois pelo outro, mas o processo se inverteu.

*A mãe de Singleton morreu de AIDS quando ele era adolescente e o irmão dele passou anos na cadeia.

Quais são alguns de suas inspirações de interpretação, em termos de estilo e habilidades?
IS: Bem, até você dizer “estilo”, minha resposta seria qualquer ator que reconheceu que sua missão é ser um modelo para a humanidade e criar uma mudança positiva no mundo. Quando você disse “estilo”, eu pensei em Denzel Washington porque eu o tenho estudado pelos últimos 10 ou 11 anos, assistindo tudo o que ele faz. Eu fico realmente impressionado com o trabalho de muitos atores, mas Denzel é aquele que me faz dizer, “se minha carreira tiver metade do sucesso que a dele tem, já vai ser um feito incrível”.

Depois de quanto tempo após Um Sonho Possível as pessoas começaram a te reconhecer nas ruas?
IS:
Eu diria que isso começou a acontecer mais ou menos na época do Natal daquele ano, quando o filme desbancou Avatar como primeiro lugar de bilheteria. Então as pessoas começaram a me notar, mas depois do Oscar muita gente começou a me abordar no shopping e em todo o lugar. Agora com The Walking Dead isso está mil vezes maior.

Que conselho você daria para um jovem que está pensando em se tornar ator?
IS:
Se você quer, vá em frente. Não pense duas vezes, depois que você tiver se decidido. Não entre nessa pelo dinheiro, porque ele não entra tão rápido como a mídia retrata. Muitas vezes, a mídia diz que alguém fez sucesso da noite para o dia, mas se você for mesmo fazer uma pesquisa você vai ver que essa pessoa tem lutado e trabalhado por algum tempo. Eles provavelmente se referiram a mim como um sucesso repentino depois da repercussão de Um Sonho Possível, mas eu já tinha atuado por 15 anos, trabalhando bastante em teatros locais e em lugares do tipo.

Eu diria a eles para perseverarem, nunca desistirem, e tirar da cabeça a noção de que você precisa ter algo que garanta seu futuro. Você não precisa se apoiar em nada. Olhe ao redor, não há muito com o que contar hoje em dia. Você tem que criar seu próprio suporte e ir atrás de seus sonhos. Se esse é seu sonho, sua paixão, então faça isso e se foque nisso e não se distraia. Nunca pare, nunca desista.

O que você pode nos dizer sobre o que está por vir em The Walking Dead?
IS:
Posso te dizer que vai ser mais emocionante. Eu estava falando com Glen Mazzara (o produtor executivo da série) ontem à noite por e-mail e ele me disse que os próximos episódios ficaram incríveis. Eu havia dito para mim mesmo no começo da primeira temporada, depois de ter lido o roteiro do primeiro episódio, “Eu não acho que eles vão conseguir superar isso.” Então o próximo roteiro foi ainda melhor e continuou melhorando; os roteiristas são incríveis, pois eu não sei como eles são capazes de fazer isso.

Pode esperar para se emocionar e se divertir com os próximos episódios. T-Dog ainda está em sua jornada de descoberta e ele está tentando sobreviver. Se ele sobreviver, esperem por mais detalhes sobre o passado dele. Há muitas incertezas nessa série (risos)

Fonte: 411 Mania
Tradução: Kelly Ribeiro


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Kelly Ribeiro
Kelly Ribeiro
Kelly Ribeiro é co-fundadora, editora-chefe, redatora e gerente de comunidades do Geekdama. Com formação em Comunicação Social e Cinema Digital, além de especializações em Marketing e Jornalismo Digital, Kelly supervisiona a produção de conteúdo do portal. Em 2022 foi uma das selecionadas no programa Aceleradora de Comunidades da Meta.

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