Entrevista reveladora com Robert Kirkman e Glen Mazzara!

Robert Kirkman, criador de TWD e Glenn Mazzara, produtor e diretor da série, falam sobre o que está por vir na segunda temporada, nas próximas e também nas HQs de The Walking Dead.

O criador Robert Kirkman (esq.) e o produtor Glen Mazzara (dir.)

 

No dia 12 de fevereiro a série bem-sucedida sobre zumbis, The Walking Dead, retorna à AMC. Continuando de onde o último episódio com sua grande revelação parou, aquele evento imenso que abalou completamente os personagens, levará alguns deles por caminhos surpreendentes nos últimos seis episódios da segunda temporada. Enquanto zumbis são sempre uma ameaça aterrorizante, uma nova ameaça humana surge, reforçando que a capacidade do seres humanos de ferirem mutuamente se mostra infinita.

Durante a turnê de divulgação da Winter Press Tour, o produtor executivo/autor/criador dos quadrinhos Robert Kirkman e o produtor executivo / idealizador da série Glen Mazzara falaram sobre o ritmo devagar da primeira parte da temporada e como a segunda parte irá acelerar a narrativa, a decisão de introduzir uma nova ameaça humana, personagens dos quadrinhos queridos pelos fãs que provavlemtne irão aparecer mais cedo do que se pensa cedo ou tarde, a esperança de trazer de volta Lennie James (Morgan Jones) em algum momento e se os conceitos que o antigo idealizador Frank Darabont seriam aproveitados. Kirkman também falou sobre os rumos a serem tomados na HQ, e os tipos de títulos de quadrinhos que ele espera lançar pela sua editora.

Confira o que eles têm a dizer, podem haver spoilers:

Pergunta: O próximo episódio inicia em que ponto?

Mazzara: Cinco segundos após os acontecimentos no celeiro. Reecontrar Sophia foi um grande evento que mexerá com todos e mudará tudo na fazenda. Então, eu acho que haverão mais coisas em jogo com as quais todos terão de lidar. A história ficará mais densa e a coisa vai começar a ferver com tudo!

 

P: Olhando pra trás, vocês se arrependem do tanto de episódios usados para procurar Sophia?

Kirkman: Acho que foi importante ter esse tempo para poder conhecer melhor nossos personagens. Foi uma coisa legal tranquilizar as pessoas com uma falsa sensação de segurança, ao mesmo tempo em que os personagens estão experimentando essa mesma falsa sensação. Acredito que o tempo passado na fazenda fez a revelação sobre Sophia causar muito mais impacto e também nos informa como os próximos episódios seguirão. Esse momento de calmaria que fez a gente conhecer melhor os personagens foi importante para nos dar a sensação de que tudo ia bem e que a fazenda seria um ótimo lugar para viver. Mas a segunda metade da temporada mostrará que a fazenda não é um bom lugar! Foi preciso construir tudo isso, para depois desfazer. É isso que deixa a história mais interessante.

Mazzara: É, nós temos uma história que será contada em 13 episódios. A primeira metade teve um grande retorno e segunda irá acelerar o andamento da história. Eu não sei se nos arrependemos de qualquer episódio que tenhamos feito. Tenho orgulho desses episódios e se algumas pessoas acham que uns foram mais lentos que outros o meu argumento é que estávamos passando mais tempo com os personagens.

 

P: Vocês ficaram surpresos com a dificuldade da audiência em lidar com esse processo lento?

Mazzara: Admito que isso é verdade para certos segmentos da audiência. As pessoas criam expectativas quanto à série e ela é bem difícil de ser escrita, pois se temos um ataque zumbi toda semana vão dizer que a série não passa de um monte de zumbis. Se não temos muitos zumbis, vão dizer que a série quase não tem zumbis. é uma situação desafiadora. Acho que nós procuramos fazer cada episódio o mais interessante e convincente possível. E estamos melhorando conforme o tempo vai passando. Devem existir pessoas que adorariam que a série fosse mais como um jogo de video game. Vou lhes dizer: a série está melhorando. Se houveram episódios que pareceram que eles estavam estagnados, ou sem nenhuma ameaça, devido ao fato da fazenda ser um lugar seguro aparentemente e todo perigo estava do lado de fora dela, muito disso vai mudar com o retorno da série. Ela será mais ágil, com mais ação, intrigas e mais interessante. Quando acabarem esses seis episódios restantes, tenho a esperança de que esses fãs concordarão que a série é uma montanha-russa, pois nós realmente sentimos que acontecerão muitas reviravoltas pelos próximos episódios. Você nem precisará esperar até o último.

Kirkman: Penso que conduzir a série até a revelação de Sophia teve a compensação que nós buscávamos e eu acho que fizemos um bom serviço trabalhando para alcançá-la. Eu também gostaria de dizer que a revelação de Sophia é só o começo de uma escalada que todos nós enfrentaremos até o fim da temporada. Começamos com a procura por Sophia e então as coisas ficaram um pouco íngrimes quando a encontramos no celeiro. Isso irá gerar vários conflitos e mostrará novas ameaças no horizonte, que nós veremos logo no primeiro episódio de retorno, que será um encaixe para a grande quantidade de eventos que ocorrerão até chegramos ao nosso final. Então essa grande escalada não funcionaria tão bem se nós não tivéssemos feito esses episódios. Nós reconhecemos as críticas e elas são válidas, mas estamos trabalhando em um quebra-cabeças de 13 peças que, como um todo,  será visto de uma maneira diferente. Esperamos que quando todas as peças estiverem unidas, as pessoas possam ver que tudo fez sentido.

Mazzara: Creio que as pessoas ficarão satisfeitas no final de tudo. Você aprende como fazer um show ao passo em que o escreve. A história se revela, então se há um meio de acabar com esse criticismo e vê-lo ir adiante, é válido.

 

P: Essa nova ameaça é o que aparece na cena do bar (na última prévia)?

Kirkman: Sim. Eu não quero revelar muita coisa, mas diria que seria muito incomum aquelas duas pessoas estarem por aí sozinhas.

 

P: O que o fez decidir em trazer uma ameaça humana à série e mostrar que existem pessoas mais perigosas por aí do que os zumbis?

Kirkman: Bem, qualquer um que conheça a HQ, sabe que, enquanto os zumbis estão ameaçando e aterrorizando, e realmente são um grande perigo para nossos personagens, nada se compara ao perigo que os humanos podem proporcionar uns aos outros. É um grande tema que nós lidamos nos quadrinhos e agora estamos inserindo na série também. A capacidade dos homens em machucar aos outros é infinita. Enquanto nos aprofundamos nesse mundo e abrimos o cenário pra fora da fazenda nos próximos episódios, veremos que existem grandes ameaças lá fora, e elas são humanas, não zumbis.

Mazzara: Pois é. Eles já aprenderam a lutar contra os zumbis e sabem, relativamente, quantos deles estão por aí. Mas a quantidade de humanos nunca é conhecida. Então esse é um novo elemento que queremos desenvolver, bagunçar e complicar e dar aos personagens quantos obstáculos nós pudermos, agora que nós já os conhecemos bem e ao mundo em que vivem. Eles se tornam obstáculos uns para os outros, devem lidar com o resto do mundo. A fazenda não é mais um lugar seguro e não há pra onde ir. E mesmo assim continuamos a acumular problemas atrás de problemas.

 

P: Quem são esses novos personagens que conheceremos?

Kirkman: Bem, adoraríamos contar, mas não podemos. Definitivamente existem personagens que os fãs adoram e que não apareceram, ainda! Esperamos chegar até eles o mais breve possível, mas infelizmente não podemos dar nomes nem revelar nada. Sempre haverá uma mistura de personagens da HQ com personagens novos surgindo na série, alguns aparecerão logo no episódio de retorno. Eles não são da HQ, foram criados apenas para a TV.

 

P: Alguma chance de Lennie James (Morgan Jones) voltar em algum ponto?

 Kirkman: Somente quando fizer sentido para a história. Aquele personagem está por aí. Esse é um ponto na trama que não queremos deixar pendente por muito tempo, mas para aquilo voltar, tem que fazer sentido para a história. Isso é algo no que estaremos trabalhando.

Mazzara: Certo. Se de fato nós o trouxéssemos de volta, seria de um modo significativo. Nosso interesse, quando introduzimos personagens, é que eles afetem mesmo os personagens já existentes quando eles aparecem de um modo relevante. Não queremos trazer pessoas e lhes dar só uma dou duas falas. Nós temos mesmo um ótimo conjunto de personagens e queremos ter certeza de que todos tenham uma linha narrativa significativa, e isso inclui qualquer personagem novo que queremos apresentar.

Kirkman: Um bom exemplo disso foi o jeito como trouxemos Michael Rooker (Merle Dixon) de volta no quinto episódio dessa temporada. Foi uma aparição meio estranha porque ele foi uma visão que Daryl estava tendo, mas tudo na participação especial de Michael Rooker era sobre como aquele personagem afeta Daryl e como ele impulsiona Daryl, na progressão da história. Esse é um bom exemplo do que estamos tentando fazer. Qualquer um que aparecer vai afetar nosso elenco de personagens de alguma maneira profunda.

 

P: Recentemente, Frank Darabont publicou algumas ideias conceituais de que ele faria a segunda temporada. O programa seria realmente daquele modo se ele tivesse permanecido?

Kirkman: Isso é uma coisa estranha. Eu devo dizer que vocês basicamente estão assistindo o que seria a segunda temporada de Frank Darabont.

Mazzara: É isso mesmo.

Kirkman: Frank desistiu daquela ideia, nas discussões com os escritores, antes mesmo de ser demitido do programa. Aquilo era algo que ele trouxe para as discussões e que havia planejado desde a filmagem do episódio piloto. Lembro-me de quando estávamos no set filmando o piloto, ele me falou sobre chamar Sam Witwer para interpretar o zumbi e como ele tinha planos de retomar isso, eventualmente. Mas, quando discutimos isso, com Glen e todos os outros escritores, nós todos decidimos, como um todo, partindo daquele episódio com o Jenner, e como focava em Jenner no CDC e na verdade não lidava com nossos personagens de nenhum modo realmente significativo, voltar para a segunda temporada, com um personagem que não era o principal e contar sua história , não parecia o jeito certo de abrir a temporada. Aquilo foi algo que saiu mesmo das discussões com os escritores.

Mazzara: Então, o fato é que Frank Darabont era o idealizador da série, na época que optamos por abandonar aquela ideia. Aquela ideia nunca foi esboçada, até onde eu sei. Nunca foi roteirizada. Nunca foi orçada. Ela nunca foi apresentada a ninguém, exceto aos escritores, em nenhum pitching* significativo. Estou surpreso com a atenção que isso está ganhando, então estou feliz por poder esclarecer isso, porque não foi assim que aconteceu. Não sei se Frank disse mesmo que ele escreveu isso, ou se foi um pitching. Foi somente algo sobre o que conversamos. Uma outra coisa é que esse ator está numa série chamada Being Human . Então, outra coisa era que teríamos que começar a produção com alguém preso a um programa. Este era um problema que Frank queria evitar. Esse cara vai estar disponível para nossas gravações quanto tivermos que produzir a temporada inteira? Este era outro fator que discutimos. Este é o caso por detrás daquilo.

*pitching é o processo de aprovação de roteiros pelos produtores e financiadores de uma produção audiovisual.

 Kirkman: E nós não abandonamos a ideia porque não tínhamos gostado, nem nada. Nós achamos que era uma coisa legal de se fazer por si mesma. Só que não era hora para aquilo. Nós sentimos que, e Frank concordou, que não era a melhor maneira de abrir a segunda temporada.

Walking dead season 2 walkers

P: Vocês terão mais zumbis especiais nessa segunda metade da temporada, como aquele preso no poço?

Kirkman: Sim, vão ter muitos zumbis.

Mazzara: Haverá uma quantidade tremenda de ação com os zumbis. Aquele foi um zumbi bem peculiar. Ele era um zumbi para destacar o trabalho da equipe de maquiagem, com várias cenas se revolvendo ao redor daquela coisa. Greg Nicotero desenhou zumbi para que tudo caísse aos pedaços da maneira mais nojenta o possível. Foi fantástico. Nós continuamos fazendo isso, para tentar nos assegurar de que nossos zumbis sejam especiais. Certamente tivemos isso no segundo episódio dessa temporada. Nós simplesmente temos uma quantidade tremenda de ação com zumbis pela frente.

Kirkman: Terão muitos bons momentos como esse pela frente. Eu acho que vocês não vão se desapontar. O zumbi do poço definitivamente não vai ser o ponto alto desse programa.

Mazzara: Tinha algumas coisas muito legais que Greg era capaz de fazer, “O que aconteceria com um zumbi se…?” e esse tipo de coisa. É divertido.

 

P: Quão difícil é escrever um romance e fazê-lo orgânico?

Kirkman: Acho que esse é um ambiente no qual as pessoas devem se unir, ou elas não sobreviverão, então narrativa em romance nasce facilmente nessas circunstâncias. É meio que natural ter pessoas se unindo assim. Na verdade, a relação do Glenn e da Maggie, em particular, é um dos nossos raios de esperança na história, observar esses dois se juntando. É algo que sustenta o programa e evita deixá-lo desolador demais, e é algo que nós nos divertimos muito explorando.

 

 P: Haverão mais maneiras divertidas de encontrar e conseguir suprimentos?

Mazzara: Isso vai se tornar um desafio cada vez maior. É algo sobre o que conversamos bastante e fizemos muita pesquisa sobre o assunto. A não ser que você tenha fábricas funcionando, até a civilização voltar a vida estaria reduzida a tentar ir seguramente de refeição a refeição, sem virar comida de zumbi. É assim que é a vida deles, porque tudo sucumbiu. Isso é interessante.

 

P: Você se preocupa com a frequência com que põe as mesmas pessoas, e essa família em particular, em perigo?

Mazzara: Na verdade não, pois é plausível. Já fiz séries policiais e era como “Bem, quantas vezes o filho desse cara pode ser sequestrado?” então eu sei o que você está dizendo. Mas, devido ao mundo ser tão ameaçador e a principal busca de Rick é a segurança de todos, vai bem direto no coração da série. Deve chegar um ponto em que não poderemos pôr certas pessoas em perigo novamente, pois senão eles pareceriam bobos, mas não chegamos a esse extremo ainda.

Kirkkman: As HQs já estão aí há 9 anos, então eu sinto que não esgotei as maneiras de por as pessoas em perigo. Se fosse no mundo real, eu acho que começaria a ficar inacreditável às vezes. Mas como esse é um mundo após a queda da civilização e cercado de zumbis, neste caso eu acho que seria irreal se eles não estivessem em constante perigo.

Mazzara: Na verdade nós temos muitas ideias que ainda não utilizamos. É divertido escrever. Vem muito rápido.

 

P: Robert, como está indo com a HQ?

Kirkman: Bem, estamos chegando na 100ª edição, o que é um grande marco. Tem muita coisa legal por vir. Estamos em uma nova história agora, chamado “A Larger World“. Basicamente, Rick e seu grupo estão refugiados em uma comunidade protegida por muros e bem segura, nós vamos explorar esse cenário e vê-los reestabilizando a civilização, de uma forma ampla. Eles encontrarão outras pequenas civilizações próximas e algumas delas apontarão rotas e fornecerão suprimentos que os ajudarão a se sustentar e ouras pequenas civilizações que serão uma grande ameaça para eles. Será uma grande evolução no tipo de história que contamos nas HQs. Este será o próximo passo que nos levará a alcançar mais cem edições. Então estou bem excitado sobre tudo o que está por vir.

P: E o que está rolando na sua editora?

Kirkman: A Skybound está trazendo bastante coisa legal. temos uma nova HQ, chamada Thief of Thieves, que será lançada em fevereiro. Temos uma outra chamada Witch Doctor, que estamos trabalhando. Estamos continuando a expandir a expandir nossa marca e lançando mais HQs por aí, mas ao mesmo tempo tentando trazer mais sensibilidade universal às HQs. Não estamos fazendo nenhuma história de Super-heróis, além do que eu já venho fazendo há décadas (Infinite). E nós estamos tentando abrir para novos gêneros existentes no universo das HQs, e tentaremos contar histórias mais realistas e outras que você não verá fora das HQs. Este vai ser nosso foco agora.

 

Tradução: Kelly e Talles

Fonte: Collider

 

 


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Gastronomia, psicologia, terror trash, 80's 90's, entusiasta da vida digital e fã incondicional do Jason Voorhees.

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