ANÁLISE: O que eu achei da Brasil Comic Con 2014?

Teve um motivo pelo qual eu demorei um pouco mais para escrever sobre a Brasil Comic Con 2014. Primeiro porque eu queria dar uma olhada no que as pessoas diriam, queria ler as opiniões de especialistas e críticos, queria ler sobre pessoas analisando o evento friamente, dizendo que ele foi chato e pouco movimentado.

Porque eu discordo de todas elas.

Sinceramente, não sou o maior fã da Yamato, nunca escondi isso . Meus motivos não serão discutidos aqui, mas desta vez eu tenho de admitir, eles capricharam no evento, ao escolher e acolher, ao menos em sua maioria, pessoas que realmente amam o que fazem, a Brasil Comic Con 2014 me fez lembrar os velhos tempos de eventos antes da grande explosão da cultura japonesa no Brasil.

Pode parecer saudosismo de velho, mas quantos amigos eu não fiz (e que ainda mantenho, mesmo que apenas online em alguns casos) por me envolver em assuntos nerds de forma coletiva? Das mesas de RPG, dos encontros da Toca São Paulo, dos encontros internacionais de RPG, tantas coisas divertidas e surpreendentes aconteceram.

Essa nova geração não pode ser privada de viver experiências como essas. Eventos deste tipo precisam continuar ocorrendo, sendo organizados por pessoas que mantém fãs-clubes, e lojistas que tentam, diariamente, transformar suas paixões em profissão.

Existem alguns poréns, como nunca poderia deixar de ser. Concordo em partes que as atrações internacionais foram grandes diferenciais nesta Brasil Comic com, sendo que eu dou especial destaque para Sylvester McCoy, que brindou toda a audiência com uma apresentação incrível durante a uma hora que ficou no palco, demonstrando desenvoltura e senso de humor que faltam em muitos artistas atuais.

Uma multidão de espectadores

O que eu achei interessante, quase intrigante, em muitas das atrações que eu vi, foi o fato de que parecia haver certa falta de interação entre as pessoas que participavam do evento. Pode parecer estranho dizer isso, mas eu explico.

Quando havia eventos deste tipo antes, não totalmente antes da internet, mas antes dela ter papel tão vital em nossas vidas, era difícil encontrar pessoas que gostassem das mesmas coisas que você (especialmente quando você era um nerd na Zona Leste de São Paulo, qualquer foco de nerdice que se encontrava era uma verdadeira vitória!). Pode parecer estranho hoje em dia, mas antes você realmente sofria bullying se começasse a falar de X-Men além dos desenhos da Globo, não havia com quem discutir os excelentes quadrinhos de Conan, o Bárbaro, que eu li emprestados do meu tio, e que era a única pessoa com quem eu conseguia conversar sobre isso. Enfim… durante os eventos você saía conversando com estranhos sobre sua séria favorita, comentava desesperadamente quando encontrava algum cosplayer (que na época não tinham tanto glamour e nem recebiam prêmios).

Não me entendam mal, não vou seguir o estereótipo de velho idiota que fica em sua cadeira de balanço dizendo que somente as coisas de antigamente eram as melhores, tem muita coisa boa que é excelente. Bons exemplos? A quantidade de gente boa fazendo quadrinho de qualidade nacional (embora eu ache os preços meio proibitivos, mas isso é outra discussão). Queria que a Galápagos Jogos existisse naquela época, provavelmente os jogos seriam ainda mais baratos, gostaria de ter tantas opções, tantas coisas para escolher.

Entretanto, acho que as pessoas vão muito mais para “assistir” o evento do que para realmente interagir com ele. As pessoas não parecem muito dispostas a interagirem, a se enturmar de verdade, a fazer amigos dentro de um evento que foi idealizado, acima de tudo, para que pudéssemos nos soltar e andar por aí com nossas roupas favoritas e cantar as canções, fazer os gestos, realmente viver nossas paixões, sem sermos discriminados ou ridicularizados. Pense que as pessoas ao seu redor têm grande chance de gostar da mesma coisa que você, que aqui, o fato de você estar um pouco fora do peso ideal tem menos relevância do que as coisas incríveis que você sabe ou acha sobre a sua série favorita.

Quando for a um evento desses, converse com um estranho. Tenha coragem. Vi amizades e histórias de amor começar assim, então não se inibam.

PS: Estou pensando seriamente em abrir um food truck onde as pessoas consigam comer decentemente com menos de R$10,00.


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Jordan Florio de Oliveira
Jordan Florio de Oliveirahttp://teiadejogos.blogspot.com.br/
Escritor, contador de histórias, repórter comunicador, playboy, gênio, filantropo... ok, esqueçam as 3 últimas. Acima de tudo, um cara que ama histórias e pretende, um dia desses, viver delas. The story must be lived before told. Outros textos

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